Outubro, mês das missões: Desperta que o Senhor já vem! 

 

Por Vanúsia do Espírito Santo

 

Para nós, há algo de mais belo sobre a terra que a vida missionária? A vida missionária é entusiasmante! Quando a iniciamos, cheios de alegria, de fervor, de uma fé sem fingimento e destemida, a paixão pela causa de Jesus e pela salvação das almas nos consome; o desejo de anunciar o Cristo é mais forte do que os desafios da vida cotidiana, e leva-nos além de nós mesmos, das nossas limitações e medos, como os “discípulos missionários que «primeireiam», que se envolvem, que acompanham, que frutificam e festejam. Primeireiam, tomam a iniciativa!” (Evangelii Gaudium n.24).

Também vale a pena evidenciar que a vida missionária passa por “mistérios” gozosos, luminosos, dolorosos, gloriosos e certamente não os vivemos com a mesma tonalidade: depende das circunstâncias e que por vezes são muito duras. São muitos os desafios: a renúncia e a cruz, os tempos fortes não programados, as humilhações, o esforço pela conversão, as incompreensões, a insegurança, as escuridões, a falta de fé, as limitações da saúde, as mediocridades, a falta de sentido, as crises existenciais e vocacionais, os desafios da missão evangelizadora, entre outros. 

O grande risco que corremos enquanto caminhamos – que não difere do que nos confrontamos em qualquer empreendimento humano – é um certo desgaste no ideal que perseguimos e no nosso esforço por alcançá-lo, o que pode nos levar a nos conformarmos com uma espécie de ‘meia santidade’. ( VOILLAUMEP, René . 8-9 ).

Faz-se necessário aceitarmos o fato de que, após muitos anos de Comunidade ou de uma caminhada cristã, em pequena ou grande escala, seguir os passos de Cristo evangelizador torna-se mais difícil. René Voillaumep afirma que

(…) o nosso entusiasmo pouco a pouco cede lugar a uma certa dormência, na esfera das realidades sobrenaturais; o Senhor parece cada vez mais distante e vez por outra sentimos como que um cansaço que nos vence. Somos cada vez mais facilmente tentados a nos conformarmos em rezar menos, ou talvez a oração se torne um mero hábito. A castidade nos causará dificuldades jamais imaginadas; novas tentações surgem; sentimos um certo peso desconhecido dentro de nós; nos encontramos pendendo em direção às satisfações sensuais com menos vigilância (VOILLAUMEP, René. 18)

Esse pode ser um estágio da nossa vida missionária que talvez estejamos adentrando sem nos apercebermos. O lindo é que nunca deixamos de receber o chamado do Senhor de novo. Ele está sempre a nos dizer: “Segue-me! Deixa tudo e vem”! Esse é o segundo chamado que o Senhor nos faz! A nós cabe abrirmos o coração e respondermos amorosamente, como nos dias áureos: “Eis-me aqui, Senhor! Envia-me, mesmo que me conduzas aonde eu não queira”.

 

Tomar consciência dessa realidade e aceitá-la é essencial para despertar da sonolência de uma vida relativamente medíocre e avançar com ardor para uma vida missionária fervorosa, como nos primórdios. 

Consequentemente a partir desse processo de conscientização, surge uma necessidade generosa e quase impaciente, de uma profunda e sincera conversão, isto é, de emenda dos defeitos, que tal consciência denuncia e rejeita, como se fosse um exame interior ao espelho do modelo que Cristo nos deixou de Si mesmo (Cf. EG n.26). Esse é um momento de fazer uma nova escolha e renovar o nosso encontro pessoal com Jesus Cristo. 

Esta é a bela tarefa do mês das missões na nossa vida em 2021: Despertar-nos! 

“Já é hora de despertar. Com efeito, agora a salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a fé. A noite já vai adiantada, o dia vem chegando: despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz. Procedamos honestamente, como em pleno dia” (Rm 13, 11b.12-13a). 

O protagonista da missão, o Espírito Santo, quer redirecionar a nossa vida missionária e conceder-nos um novo e sincero tempo de primavera espiritual.

Como você quer viver esse mês das missões?

Em meio às lutas, que sentido necessitamos encontrar na missionariedade, na fraternidade e na intimidade com Deus? Quais as características de Jesus buscaremos esse mês? Quais as reconciliações que precisamos fazer? O que precisamos deixar? O que precisamos retomar? Qual testemunho de santidade queremos dar?

É um momento oportuno para um profundo exame de consciência. Rezemos e peçamos os presentes e as virtudes que necessitamos. Vivamos o louvor!

Façamos esses gestos interiores em íntima comunhão espiritual com a Virgem Maria, Nossa Senhora Aparecida, Rainha e padroeira do Brasil. Avancemos confiantes, porque o Senhor nos visitou e nos libertou!