Na Canção Nova se formam famílias missionárias

Nesses tempos em que a instituição familiar sofre pressões de todos os lados, principalmente as que buscam enfraquecer seus pilares impondo novos “padrões”, abraçar essa vocação é, como diz nosso fundador Mons. Jonas Abib, “não ter medo de nadar contra a correnteza. Não ter medo de ser diferente. Não ter medo de ser sinal.

Família Missionaria da Comunidade Canção Nova

Márcio, Ziza e filhos

Família Missionaria da Comunidade Canção Nova/ Foto: Wesley CN

Enquanto essas forças tentam debilitá-la, nós a revigoramos com a nossa vida.Somos uma família missionária. Eu e meu esposo estamos na Comunidade Canção Nova, há 16 anos. Viemos solteiros e com o tempo fomos nos descobrindo, também, o nosso chamado ao matrimônio.

Nesses dez anos de casados fomos entendendo que precisávamos buscar os verdadeiros valores de uma família cristã, deixando para trás toda a influência que pudéssemos ter herdado dessa cultura contemporânea, que trata do matrimônio com tais princípios invertidos.

Ser família em uma comunidade como a Canção Nova é viver o comum dos homens, mas sem perder de vista as exigências de uma vida de doação por um povo ao qual somos chamados a evangelizar.

A nossa rotina é de uma família comum, com tribulações, muita correria, orçamento apertado e uma luta intensa de conversão, como toda família. E tudo isso com alegria e muita garra pra lutar em cada desafio que nos aparece. O dia a dia de uma família com filhos não é moleza e nem tem lugar para preguiça. Deus nos dá a graça e a força para levantarmos todos os dias e realizarmos a nossa missão. E para que tudo ocorra em harmonia, eu e o Márcio (meu esposo) buscamos cuidar primeiramente de nossa relação, cuidar um do outro, amarmos um ao outro com afeto. “O amor que não cresce começa a correr perigo; e só podemos corresponder com mais atos de amor, com atos de carinhos mais frequentes, mais intensos, mais generosos, mais ternos mais alegres.” (AmorisLaetitia). A partir desse amor, há um transbordamento na família. Entendemos que se as crianças sentem que nos amamos tornam-se mais seguras e mais abertas, também no relacionamento com Deus. Na família é impossível haver amor sem Deus. Se nos amamos, Deus ali está (Conf. 1Jo2,5). Se Deus ali está, nos amamos.

Em nossa casa procuramos deixar claro quem está no centro. As crianças sabem que em tudo Jesus precisa estar, seja na escola, na brincadeira, num passeio ou quando estamos juntos. Isso não significa que falamos de Deus o tempo todo, mas que em tudo trazemos Ele no coração. E isso faz com que tenhamos atitudes que ele teria.

Ser uma família cristã não é algo que se improvisa. Ela é formada, desde a preparação para o casamento (namoro e noivado) e aos afazeres cotidianos, ela é formada com base nas pequenas coisas. Quando habituamos nossos filhos a participar da missa, a pedir perdão para o amigo ou a fazer bem todas as coisas, vamos educando-os para o caminho de Deus.

Como ensina a doutrina social da Igreja, a família é a célula da sociedade. É alma e a norma. Ali é o começo de tudo. Se educamos nossos filhos para Deus, para serem pessoas de bem, estamos educando uma sociedade cheia de valores e bem estruturada.

Assim é ser família na Canção Nova. Não perder tempo, dar o que temos de melhor, que é Jesus. Investir nossa vida, dia após dia, no chamado de evangelizar, mas também fazer com que essa evangelização aconteça, primeiro em casa, entre nós. Instruímos as crianças que evangelizar é sinônimo de alegria e comunicar essa alegria, a nossa experiência com Deus. “Cada cristão é missionário na medida que se encontrou com o amor de Deus”, ensina a Evangelii Gaudium. Para que comuniquemos Jesus, precisamos estar cheios Dele.

Na alegria, celebramos o dom de termos uns aos outros. Quando o sofrimento nos visita, entendemos juntos o caminho da cruz e sempre à espera da ressurreição. Esse é o chamado para todas as famílias. Deus quer que caminhemos sem medo para a santidade, e isso não significa que sejamos perfeitos, mas que estamos em busca para que um dia possamos chegar ao Céu. Atualmente, falar que vivemos os princípios cristãos causa em muita gente uma repulsa, como se fosse um retrocesso ou mesmo moralismo. Não! Esse é nosso chamado.

Não tenhamos medo de mostrar a alegria de ser família, a alegria de ser aberto à vida, de ter uma casa com barulho de criança. Ser família é muito bom e o mundo sente falta disso. E melhor ainda: poder dizer que vivemos tudo em comunidade, o lugar que nos ajuda a desenraizar o egoísmo e nos ensina que tudo que fazemos juntos é melhor.

E assim vamos caminhando, deixando Deus nos guiar com sua providência e aprendendo a depender totalmente Dele.

Elzirene Pereira
Missionária da Comunidade Canção Nova